7.2.08

espirito santo

O dia em que fui abençoado pelo Espírito Santo.

Conversamos dois minutos, mais ou menos. E eu lhe disse as minhas claras intenções. Ela sorriu sem responder, mas seu sorriso era tão espetacular, tão encantador, que tive de afastar seus cabelos com o dorso delicado dos meus dedos. Ao fazer isso pude notar a penugem inocente na sua nuca escandalosa. Sussurrei de novo a proposta poética e beijei levemente a pontinha da sua orelha esquerda. Afastei-me devagar, e ela, repetindo o mesmo sorriso, concordou. O "sim" que ela me deu esvaziou totalmente a Praia das Castanheiras.

Então me coloquei a uma distância segura de cerca de uns quinze passos, e me sentei na areia. Preparei a máquina e fiquei fotografando essa musa por quase duas horas. De vez em quando olhava o mar, mas isso era secundário para mim. Fernanda era o meu único foco aquela tarde.

Só ela.

Quando acabou o sexto filme, não fui lhe dar um beijo, nem sequer lhe disse adeus. Apenas joguei de longe um aceno carinhoso, e ela me deu mais um enorme sorriso de volta — inesquecível. Era o último, sabíamos. Nosso Pico foi aquele. Eu sabia que nunca mais a veria de novo. Fechei meus olhos e voltei para o hotel, sonhando com essa pura e doce Afrodite capixaba.

Estávamos em Guarapari, Espírito Santo, uma graça vermelha libertada. Era 2004. Hoje, portanto, Fernanda deve ter uns 18 anos. Nem lhe perguntei o sobrenome. Mas, se soubesse como, lhe mandaria por sedex as cento e oitenta e duas fotos dela que ainda guardo comigo. Perfeitas.

Qualquer dia eu volto lá.

Agora, só pra conhecer a praia!

A menos que o Espírito Santo me abençoe outra vez...