26.9.07

Novos seios

Ao sugar o seio da minha mãe, eu não apenas mamava: eu já calculava a área total do mamilo, a vazão do leite por segundo, a temperatura da sua pele de pêssego em contato com os meus lábios, a posição mais adequada da minha língua, o movimento sensual da minha boca, a intensidade da doce sucção, o tempo perfeito da própria saciedade, a respiração poética do espírito santo... e o prazer que era sentido por mim - e por ela.

Tudo isso, é claro, excitava loucamente o meu neo-cortex cerebral, onde as emoções mais profundas se colocam de uma vez por todas. Mas, antes do leite, antes do cálcio, antes das vitaminas - eu precisava mesmo era do amor que ela me dava. Este foi o meu primeiro e mais querido alimento: o amor.

Desde criança, portanto, eu me alimento de mulher e matemática, de liberdade e de loucura, de risco e paixão, de amor e poesia.

Acontece que depois acabei trocando o leite por vinho.

E agora vivo sempre em busca de novos seios..