10.11.07

Diana

Era como se ela tivesse mil peitinhos e a Grécia fosse aqui. Diana vivia sorrindo, e exercia todas as licenças poéticas que o meu amor lhe concedia. Ela entrava sem bater, colocava sua bolsa colorida no chão da sala, ia até a cozinha, pegava um copo de leite ou suco de laranja, e depois, pé-ante-pé, vinha e encostava seus mamilos pontiagudos em mim. Inocentemente, suponho. E eu tentava, em vão, aumentar um pouco aqueles treze anos perigosos que ela dizia ter. Quase sempre eu fechava os meus olhos mudos, e continuava digitando. Eu me perdia no teclado escandaloso, meus dedos lúbricos tamborilavam desejos insuspeitos. "Ta escrevendo em que língua", ela às vezes perguntava. Em francês, eu às vezes respondia. Acontece que havia um doce código implícito entre nós dois: eu fingia continuar escrevendo e ela fingia ter algumas dúvidas...

Et maintenant?

Eram cenas que quase paravam o tempo. Minhas costas nuas viravam os meus versos mais profundos, e meu corpo era uma bandeira desfraldada em defesa da Poesia. Mas eu sempre procurei tratá-la como musa: nunca cheguei a beijar-lhe os dois mamilos principais. Claro que beijei os outros 998 — mas essa é outra história...