29.3.25

O teu último dia

AVENTURA

Quero agora te propor uma aventura:

Faça tudo o que você mais gostaria de fazer hoje — antes de morrer. Dê um pouco de atenção àquilo que realmente importa. Desfaça-se de tudo que não presta. Jogue fora todas as quinquilharias. Desapegue-se das bugigangas. Despreocupe-se. Olhe bem as tuas coisas, avalie calmamente os teus sonhos e projetos, sobrevoe o teu mundo. Despeça-se (mentalmente, se for o caso) dos teus amigos e dos teus amores preferidos. Em seguida, escolha os maiores prazeres que você puder imaginar — e sinta-os, em todos os Sentidos. Procure cometer até mesmo aquelas pequenas loucuras que você vem sempre adiando — por medo, por vergonha ou por preguiça.



E lembre-se: só hoje é hoje.

Por isso é que HOJE tem que ser um dia inesquecível!



O piso que eu ajudei a construir.

28.3.25

Visão do mundo

Não existem verdades definitivas, inquestionáveis. O que existe são interpretações elaboradas sobre determinados aspectos da realidade — comprováveis ou não — mas necessariamente condicionadas pelo ponto de vista, pelos interesses pessoais, pela visão do mundo, e pela capacidade intelectual de quem as propõe.




27.3.25

Elogios e críticas

ELOGIOS E CRÍTICAS

Algumas considerações sobre os meus pontos de vista



Como toda pessoa com posições seriamente democráticas — no sentido grego da expressão — eu aceito tanto as críticas positivas quanto as negativas a respeito do que sou, do que penso, e do que faço. Todas elas são, por definição, simples manifestações de opinião — e todas, por isso mesmo, igualmente passíveis de serem verdadeiras ou falsas. Com base nessa premissa tão elementar eu concluo que seria irracional privilegiar umas em detrimento das outras.


Embora (como para todo mundo, suponho) certos elogios me sejam mais agradáveis do que as críticas negativas, costumo ver nestas um sinal — e acabo valorizando-as até mesmo um pouco acima daqueles. Primeiro, e só para efeitos de raciocínio, suponho-as desinteresseiras e com algum valor de verdade. Procuro entendê-las no contexto, racionalmente, a partir de uma certa e segura distância brechtiana. Se ocorre não concordar com algumas delas, mas se também consigo refutá-las com sucesso — ainda que apenas mentalmente — deixo-as de lado, e sigo em frente no que faço, no que sou e no que penso, livremente.


Decididamente.



Porém, se tais críticas são bem formuladas e tocam meu coração de alguma forma; se perdura em mim uma certa sensação de que as mereço realmente — não as desprezo, não as esqueço, nem tento desqualificá-las de modo algum. Então, nesse caso, a partir delas e sensatamente, procuro tomar providências, mudar concepções, aprimorar o que faço e melhorar o que sou — como ser humano, como filho, amigo, amor, amante ou companheiro de jornada.


O mesmo raciocínio vale para os meus textos e poemas. Para as
paredes que eu desenho, as fotos que eu faço, as relações que mantenho, os projetos que apresento, os pratos que eu cozinho, as idéias que proponho, as atitudes que tomo, e os livros que eu escrevo.


Claro que vale também para
essas múltiplas gostosuras que vivo compartilhando com todos os meus amores principais.



Essa abertura poética na cabeça dançante é que torna minha vida uma
aventura inesquecível.


Extraordinária.


E finalizo com um breve texto que escrevi em 1984 — inspirado por Nietzsche — logo após terminar minha primeira leitura do seu genial livro Assim Falava Zaratustra:


Não existem verdades definitivas, inquestionáveis. O que existe são interpretações elaboradas sobre determinados aspectos da realidade — comprováveis ou não — mas necessariamente condicionadas pelo ponto de vista, pelos interesses, pela visão do mundo, e pela capacidade intelectual de quem as propõe.








Imagine que hoje é teu último dia de vida.

25.3.25

Tudo é experimental

Esta minha página é experimental, no mais amplo sentido que tal palavra possa ter. Aqui não procuro defender nenhuma posição conservadora nem contemporizo com adeptos da normalidade absoluta ou radical.

Também não busco ser compreendido, nem pretendo apenas te agradar.


Contra ou a favor ao que proponho — não importa.

Mas, pensar.


Reflita-me.




24.3.25

Marina

Marina vai tirando sua blusinha — e eu, indeciso, assustado, perdido entre botões, não sei o que fazer. Seus peitinhos inexistem, os mamilos nacarados desabrocham numa cor indefinida que ainda nem conheço. Ela tem oitenta e nove anos de idade e sabe de coisas que certamente não sei. Marina me conquista com seus olhinhos de mistério — e nas suas pupilas excitadas eu vejo um Mestre absoluto. Ela fala, desenvolta, ela sussurra docemente. Embora eu saiba que ela me ama de verdade, a mim só me resta tremer de emoção. A cena vai se compondo, o palco é deserto, só Deus nos observa. Então ela me conduz com alegria, e eu me entrego inteiro aos abraços do amor.

(...)

Não sei nem como chamar isso que hoje fizemos. O que eu senti ainda é e será sempre inesquecível. Depois, Marina calmamente veste a sua blusinha, e me olha com seus olhos inocentes, cândidos, amantes. Não há palavras que descrevam o que Deus nos oferece. Há uma certa religião na sacanagem, somos ambos cúmplices de Safo.

Marina, como já disse, tinha oitenta e nove anos.

Aconteceu na cidade onde eu nasci — uma só vez — e eu jamais esquecerei.


Por onde será que anda hoje esse meu primeiro grande amor?


Eu, seis anos antes desse dia maravilhoso.

23.3.25

Experimente-me

 

Novo livro meu a ser lançado em Dezembro de 2025.



O que eu escrevo é para ser lido sem pressa. O que eu escrevo é para se ler no ônibus, no metrô, no táxi, no avião, na Rodoviária. No banheiro... No hotel. Na cama. No café da manhã. Na rede. Na casa da Mãe. Na praia, no parque, no quintal. No colo amoroso de um grande amor. O que eu escrevo é para ser lido num domingo à noite. É para ser lido na viagem. O que eu escrevo é para ser lido na Vida. Calmamente. Sem pressa.


Experimente-me.
Click acima para ler o poema Mude.



21.3.25

O que é a inveja

Hoje quero escrever um breve texto sobre essa coisa horrorosa chamada inveja. Vou começar alterando uma frase genial de José Ingenieros, para deixá-la mais ou menos assim:


A inveja é o modo mais aberrante de prestar homenagem à superioridade alheia.


Escrevi algo sobre as invejas sublimada, neurótica e perversa. Contudo, ainda estou refinando o texto, pois passei a considerar desnecessária tal classificação. No fundo, toda inveja é perversa. Essencialmente perversa. Está prevista e condenada nos Dez Mandamentos, e expressa entre os Sete Pecados Capitais. Ou seja: imperdoável até mesmo por Deus! Ela também é condenada em todos os livros e códigos que tratam da ética nos relacionamentos humanos. Até Shakespeare acabou colocando-a no rodapé da moral. A inveja é condenável, em si — e em todos os sentidos!



Roedores da glória alheia, os invejosos são simplesmente abomináveis.


"O coração tranqüilo é a vida da carne; a inveja, porém, é a podridão dos ossos."
Bíblia. Provérbios 14:30


20.3.25

Olhe para os lados

Agora mesmo, onde você estiver, olhe para os lados. Ajuste a consciência, apure a sensibilidade, abra seu coração, respire fundo, olhe para os lados outra vez, e responda-me sinceramente:


São?!

Porque, se assim não forem, responda-me:


(...)


Mas a pergunta pode ficar ainda mais radical:

— Você manteria relacionamento com uma pessoa que não é amorosa, ou não é compreensiva, ou não é inteligente, ou não é excitante, ou não é audaciosa, ou não é livre, ou não é saudável, ou não é brilhante, ou não é honesta, ou não é sensível, ou não é delicada, ou não é independente, ou não tem entusiasmo algum pela vida?






19.3.25

Meu Pai e os Girassóis


Meu pai era racional demais, disciplinado demais, e ético demais. Dominava o cálculo, era íntimo dos números, ensinou-me a tabuada do 13 quando eu tinha sete anos. Quem não sabe a tabuada não vai longe, ele me dizia. Nasceu para o comando. Era dono de uma violência verbal impressionante — e nunca deixava pra depois as broncas necessárias que pudesse dar. Exagerado, tinha seus momentos de loucura: de vez em quando mandava fazer almoços festivos para crianças pobres. Era comum se reunirem duzentas ou trezentas em nosso restaurante. Absteve-se do jogo, não fumava, mas bebia um pouco mais do que eu supunha o certo. Com duas exceções, nunca o vi de fogo. Ele nunca nos disse que gostava de poesia, mas certa vez mandou que plantassem trezentos e sessenta pés de girassol no fundo do quintal da nossa casa. Depois que as plantas cresceram, ele ficava toda tarde um tempão lá no fundo, sentado num banquinho improvisado de madeira, sorrindo, encantado, tomando vinho vermelho — e olhando os girassóis girarem... Meu pai, portanto — e no fundo — talvez não fosse apenas um simples comerciante atarracado e ex-delegado de polícia. Talvez fosse um poeta. Pena que não teve tempo de ficar completamente louco: morreu aos 49, por erro de um médico que tinha a morte até no nome.


Mas o vinho hoje é feito de agulhas, e meu copo um dedal. Costuro à mão pedaços da infância — e com eles faço um lençol. Peço à Loreena que me cante cantigas de natal da Idade Média, e ouço a Singer rangendo seus pedais no meu CD.  Minha mãe também costurava com linhas de cor, pregava remendos bonitos, trocava meus botões, lavava roupas de amor. Vejo até sabão de cinzas no fogo forte que tanto me arde agora no rio do peito, espumas de lembranças incendiadas.




Além das suas recomendações sobre sempre respeitar a propriedade alheia — e nunca usar sapatos velhos — há outras dele das quais agora me lembro:



2. Não carregue pacotes.
4. Seja dono do teu próprio negócio.
5. Beba pouco.
6. Estude bastante.
7. Não fume.
8. Não transe com as empregadas.
9. Não minta — exceto se for para salvar a vida.





18.3.25

Sou existencialista

Eu era um marxista empedernido. Queria salvar a classe operária, mal sabendo que classe que não tem classe não se salva. Se afunda.

Eu li o Livro Vermelho aos doze anos de idade. Li "O Capital" inteiro e (depois, na USP) escrevi uma tese sobre Lênin. Tive que apoiar até mesmo o realismo socialista que chegava de Moscou. Virei comunista, fui preso pela ditadura militar, sofri um bom bocado. E, como todo bom comunista então, achava Freud dispensável, e considerava a psicanálise apenas uma "técnica de manipulação pequeno-burguesa".

Mas eis que o Acaso na esquina da vida em forma de vaso caiu-me por sobre. E o meu grande amigo Gaiarsa me virou a cabeça. Apaixonei-me por ele e pelas coisas que dizia. Coisas óbvias, mas que eu nem percebia.


Mudei.


Conheci Moreno e Reich. Deitei-me com Jung e Cioran. E depois fui jogado nos braços de Osho ao lado de uma cachoeira escandalosa em São Francisco.

Desabei-me sobre mim num balaio de flores e estrelas. Vi ruírem todas as minhas estruturas intelectuais. Vi que a seriedade era risível. Agarrei-me ao Livro Orange.


Destruí as minhas convicções.


Rasguei minhas gravatas, desfiz os meus laços, descasei-me em baciada. Aquilo que sempre desprezei passou a ser fundamental, de uma hora para outra.

Nietzsche, de quem eu mantinha enorme distância política, passou a ser meu sócio nas loucuras mais gostosas.

Comecei a dançar a vida com Roger Garaudy. Tirei a máscara e mostrei meu rosto.

Existenciei-me.

Transei com Sartre, e beijei Henry Miller na boca.


Meu Deus! Acordei para sempre.


E o próprio tempo passou a ser meu.

Enfim, assumi o comando do meu destino.

E agora estou aqui, te olhando nos olhos e pensando loucuras...

Pensando em te convidar para saltar comigo.


Para saltar profundo como eu saltei.





17.3.25

Deus, meu alimento

Ao ver agora a flor que desabrocha eu me pergunto onde está o botão que aqui havia ontem. E sei que amanhã, ao voltar, verei um fruto novo — belíssimo  e também perguntarei onde estará a flor que aqui havia hoje.

E no dia seguinte, inspirado em Hegel, domarei a minha fome de amor beijando as formas lógicas resultantes do novo fruto da poesia nova.

Mas não é nada, não:   é só Deus me alimentando de flores e botões.  E filosofia. E arte. E amor.





Tem gente que vê dois hibiscos sensuais se oferecendo, tem gente que vê uma dúzia de botões e uma canção desesperada, tem gente que vê um portão azul miraculoso que se abre para o mundo, e tem gente que vê apenas uma folha seca de bananeira do brejo. Assim é a vida.

16.3.25

Autoajuda, será mesmo?

Uma grande empresa consultou-me sobre a possibilidade de uma edição especial do livro Mude, para ser distribuído aos seus clientes e funcionários no final deste ano, com o argumento de que precisava de um bom livro de autoajuda (sic), que fosse poético e de fácil leitura.... Haverá uma cerimônia pública, onde eu deverei estar presente. Pois bem. Mas o termo "autoajuda" ficou martelando-me a cabeça. Por coincidência, fui ontem à Livraria Siciliano Higienópolis, e meu livro está na seção de Autoajuda. Então eu fico pensando, cá com meus botões de flores: será que esse meu livro é realmente de "autoajuda"?

Entretanto, se alguém, por preconceito, ingenuidade ou desaviso, classificar meus textos como autoajuda, isso não lhes retira nem acrescenta qualidades. Sou apenas um escritor que defende a liberdade absoluta — e também a relativa. Aliás, eu adoro defender a liberdade.

E
bato amorosamente nessa tecla todo dia.


Deliciosamente.



Texto publicado em 18.10.2011.




15.3.25

As pessoas normais

Se você disser que é infeliz, ou que tem um grave problema (de saúde, de dinheiro ou de relacionamento), quase todos acreditam, e chegam até a te oferecer um ombro consolador. Muitas vezes hipocritamente, mas oferecem.


Mas se você disser que é feliz, ou que tudo está correndo às mil maravilhas com tua vida — e que não fica doente há mais de trinta anos — duvidam...


Isso acontece porque pessoas normais geralmente são mórbidas e não creem que a felicidade existe. Aliás, e até por decorrência disso mesmo, as pessoas normais nunca serão felizes.






14.3.25

Poeta semente

Eu era só uma semente, pequenina e germinante, mas depois cresci. Cresci como crescem as magnólias e os gatos. Cresci como crescem os machados e os sândalos, as margaridas e os inocentes. Cresci como crescem os deuses e as clarices. Cresci como crescem os morangos e as mitologias, os amores e os girassóis. Cresci...

E agora?



Este gatinho é o Max Von Braun, mais conhecido como Pequerrucho.

13.3.25

Spaghetti à Carbonara

Quase três da manhã e eu estou aqui, ao lado de um grande amor, comendo um Spaghetti à carbonara, com parmesão ralado e cebolinha da horta. E tomando a primeira garrafa de Calamares Rosé...

É que minha janta de ontem foi apenas leite com sucrilhos...

12.3.25

Divórcio amoroso

Minha ideia 774.

Divórcio Amoroso e Racional.

Nesse dia eu estava tomando o café  da manhã no Itararé Hotel, onde morei por um ano e quatro meses. Aliás, neste hotel eu sempre volto, para ressuscitar saudades. Inclusive dos quatro ou cinco grandes amores que lá eu tive em 2019-2020.


A ideia básica é a seguinte: Existe um modo racional de tomar decisões. Sejam estas amorosas, comerciais, familiares ou profissionais. E se existe tal modo racional, não é logicamente recomendável a opção por qualquer outro que não seja.


No caso de uma eventual separação conjugal, e se existem filhos  de pouca idade envolvidos no relacionamento em questão, maior ainda é a responsabilidade de se tomarem decisões racionais.


Racionais e, se possível, amorosas. Ou, pelo menos, compreensivas.


Amar é permitir sempre. Amar é deixar que o outro vá – ou que fique, se assim o desejar. Amar é ter um respeito absoluto pela própria liberdade e pela liberdade do outro. Amar é compreender sempre. E isso não significa apenas entendimento racional, vai além, muito além: Amar é reconhecer afetuosamente o direito que o outro tem de fazer suas escolhas. Mesmo que essas escolhas eventualmente me excluam.



Incluir Perfemina.



10.3.25

Eu abro todas as gaiolas

Tem dias que eu tento conter este divino coração que salta profundo de mim, e que me beija dançando de dentro pra fora. Amantíssimo, poético, livre — e meu: eis o meu coração, meu amor: escancarado em teus braços... Porque em mim agora não existem outras estações. A primavera toda cresce dentro do meu peito, e as flores já não murcham mais. Sou um trem desgovernado em direção ao interior. Zen, vazio de tudo mas cheio de graça, com seu louco motivo e doce razão. E o apito sinuoso que se ouve daqui, reto, respeitoso, se curva.


Também não quero que me considerem muito original: eu apenas repito o que me dizem os pássaros livres no quintal azul da minha Mãe. Transformo em português, literalmente, os cantos que eles cantam para mim. E repito-os para que vocês possam ouvi-los de verdade em nossa língua. Às vezes, quando chove chuva e o canto deles vem molhado, limpo um pouco o seu trinado, acrescento algumas notas, pinto-as de vermelho, reescrevo a melodia. E transformo o bem-te-vi em bem-te-vejo. O beija-flor em minha estrela. O pardal em perdão, o tiziu em tesão. E abro todas as gaiolas.



Todos os dias.







8.3.25

Dia das Mulheres

MULHERES

Não me bastam os cinco sentidos para perceber-lhes toda a beleza. Não me bastam os cinco sentidos para viver com totalidade o mistério profundo que elas trazem consigo. Eu tenho é que tocá-las, cheirá-las, acariciá-las, penetrar-lhes o sorriso, sentir o seu perfume, beijar-lhes o céu da boca, ouvir suas histórias, transformá-las em deusas. Tenho que dar-lhes o amor que o meu corpo conduz e sustenta-me a alma. O belo amor natural por todas as coisas do mundo. Como espelho de paixões em labareda, tenho que sentir nos seus olhos um raro brilho diamante.

Eu as respeito e as venero — com a graça de um cisne que dança num lago tranqüilo e a ousadia de um touro selvagem recém-despertado. Não lhes faço perguntas, não as pressiono por nada, não lhes tiro a liberdade, não quero mudá-las jamais. Sempre imagino o que estejam sonhando, e pulo de cabeça no sonho delas. Cavalgo o vento para visitar-lhes as razões, as emoções e as loucuras. Como um deus escandaloso e surpreso por sua própria criatura, entro no coração de cada uma delas, deliciosamente, como se entrasse numa pulsante catedral. Mergulho na essência dos seus desejos e cada vez me espanto mais com tanta fantasia. Os cinco sentidos, por não serem precisos, ainda não bastam, e preciso mais do que isso para compreendê-las.

Toda mulher é silenciosa por dentro. A existência pura se manifesta em cada detalhe. Assim na terra como no céu, amar as mulheres é uma experiência religiosa. E eu as amo, fina substância, como deve amar quem ama de verdade — incondicionalmente. Sem ciúmes. Eu amo as morenas, as loiras, as baixinhas, as altas, as lindas, as quase feias. Amo as virtuosas, as magras, as gordinhas, as diabólicas, as tímidas — e até as mentirosas. As iluminadas, as pecadoras, e as santíssimas. Amo as virgens, as pobres, as ricas, as loucas, as muito vivas, as inocentes. As bronzeadas pelo sol, e as branquinhas. As inteligentes — e as nem tanto. Desde que sensíveis, eu amo as jovens, as maduras, as solteiras, as casadas, as separadas. As bem-amadas, e as abandonadas. As livres, e as indecisas. E se me dessem o poder, o tempo e, principalmente, a chance, eu a todas elas daria, todos os dias, um êxtase cósmico, poético e sublime.

Apanharia flores silvestres, tomaria sol com todas elas, todo dia. Andaríamos descalços na areia, contemplaríamos crepúsculos cor de abóbora, jantaríamos à luz de velas, dançaríamos, tomaríamos vinho branco, olharíamos as estrelas. E eu lhes faria poesias de amor. Puro como um anjo, amaria cada uma delas eternamente — uma por vez. Com delicadeza, com doçura, com profundidade, com inocência. Entusiasmado, como se cada uma fosse a única. Como se no mundo inteiro não houvesse mais nada, nem ninguém.

Todas as noites, eu passaria cremes e encantos no seu corpo. Falaria sobre fábulas, contaria histórias românticas, as veria dormir. Ouvindo Beethoven, velaria por um tempo o sono delas, e, de madrugada, antes do sol raiar, antes do primeiro pássaro cantar, as cobriria com o resto de luar que ainda houvesse, e sairia em silêncio. Como um felino lógico, sensual e saciado, deslizaria pelo cetim azul-celeste dos lençóis, saltaria por sobre todas as metáforas — e sorrindo iria embora.

Enfim, se por acaso fosse Deus, eu com certeza não mais ficaria cuidando do universo e dessas outras coisinhas banais. Não ficaria controlando o destino das pessoas, o tempo, os compromissos, a pressa, o caminho dos planetas, a economia, o cotidiano, o infinito, os genes, a Internet, a geografia...    Não!

Eu somente iria amar as mulheres, como elas merecem — e como nunca foram amadas.


Só isso, definitivamente. Nada mais, nada mais!





7.3.25

Decálogo

Desmandamentos


1. Ame a Vida sobre todas as coisas.

2. Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham do teu próprio coração.

3. A felicidade está dentro de você; não a procure em nenhum outro lugar.

4. O amor livre é a mais religiosa das orações.

5. O desapego é a única porta para a verdade.

6. A vida só existe aqui e agora.

7. Não corra: dance.

8. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.

9. Viva acordado, em todos os sentidos.

10. Pare de buscar: o que é teu já pertence.




Estes são os meus desmandamentos. Meus e de Osho. Com base no Evangelho de Tomé.



.
Esboço da Capela da Mãe na parede da Casa Azul



5.3.25

Meu carnaval não acaba nunca

Ainda que o vinho entorne, me visto sempre de cetim. Então minha cabeça canta, o meu corpo dança, meu coração se excita — e a forma inteira se vai sozinha. Parece que Deus abençoa muito mais minha coragem que o meu silêncio. Só me resta, portanto, continuar transformando água doce em vinho branco. Meu carnaval não acaba hoje. Sou um cisne que não morre nunca.




4.3.25

Afrodite

Ao final da noite sobraram apenas uma rolha e o hibisco desmaiado... 
❤️🌷

3.3.25

Minhas ideias 441 - 860 - 1144 - 1326 e as outras

Na madrugada enluarante de 09 de janeiro de 2015, em São Paulo, eu estava refinando minha ideia 441Só para registro, quatro anos e dez meses depois, no dia 06.10.2019, no Itararé Hotel, eu tive a minha ideia 860. Paranow. Uma empresa de pesquisa que vai começar a funcionar no Paraná nos próximos três ou quatro anos, talvez.


Também apenas como registro de interesse pessoal meu, nos últimos 57 meses (1.710 dias, até 06.10.2019) eu tive 419 ideias novas (860 - 441). Algumas viraram empresas, outras continuam em processo de gestação, e outras jamais sairão do papel. Algumas já são (ou serão) um sucesso absoluto, e outras já são (ou talvez venham a ser) um fracasso retumbante.




Revisando e Atualizando o texto acima em 12.03.2020.

Em março de 2020 eu já tive as seguintes ideias:
928- Ageita
929 - Rede autobalançante.
930 - CoonServ
931 - Polinker
932 - Maria do Socorro
933 - SAJ 5G




Em 14 de fevereiro de 2021, novamente no Hotel Itararé (onde eu estava então morando por uma ano e meio), eu tive minha ideia 1144 - interBull. Cheguei até a autorizar Luiz Paulo a comprar alguns bezerros para iniciarmos esse negócio.




Repetindo, e ainda apenas como registro de interesse exclusivamente pessoal meu, nos últimos 17 meses (510 dias, de 06.10.2019 até 18.02.2021) eu tive 284 ideias novas (1144 - 860). De tempos em tempos eu atualizo esse controle.



Atualizando em 03.03.2025. Mês passado eu tive a ideia 1326. Portanto, nos últimos quatro anos eu tive mais 182 ideias novas. Como já disse, algumas viraram empresas, outras continuam em processo de gestação, e outras jamais sairão do papel. Algumas já são (ou serão) um sucesso absoluto, e outras já são (ou talvez venham a ser) um fracasso retumbante. Para mim, tanto faz. O mais importante é que eu as tenho.



Aonde isso vai parar?



A colônia penal

Dizem que havia uma colônia de vermezinhos graciosos no fundo de um lodaçal. De vez em quando, alguns deles subiam à superfície e nunca mais voltavam. Isso deixava preocupados aqueles que permaneciam lá no fundo. O que será que tem lá em cima, que tipo de perigos pode haver? — eles se perguntavam. Até que certo dia um deles acordou, pôs as duas mãos no coração e prometeu sinceramente aos seus irmãos: 



Preparou-se bem, leu Nietzsche e Henry Miller, armou-se de inocência e de coragem, aguou suas plantinhas, atualizou o Facebook, despediu-se dos amores, desfez as suas malas — e subiu.




Mas, assim que chegou à superfície, viu Luz, transformou-se numa libélula livre, abriu as DUAS asas — entusiasmou-se! — e voou alegremente para o azul anil do céu profundo... 

E agora já não pode mais voltar. 

Morreria se voltasse...




Volume 3.






Atualizei esse texto em 31.12.2022 e republiquei hoje, também no Facebook.

1.3.25

Viva o Carnaval

Referindo-me ao Carnaval, eu já cheguei a dizer que sou contra "alegria com hora marcada" — mas é preciso fazer uma ressalva. Carnaval é coisa de amadores, sim. Daqueles que só tiram a fantasia nesses quatro dias, e depois voltam a vestir suas armaduras da normalidade. Porém, como qualquer festa em que haja música e dança, sexo e alegria, o carnaval merece o nosso respeito, se não o nosso apoio. Embora seja alegria com hora marcada, defendo esse momento de festa. Mesmo porque alegria com hora marcada é bem melhor do que alegria nenhuma. Além do mais, especialmente no Brasil, o carnaval torna-se a Sagração da Sensualidade. O elogio da Safadeza Bacante. A veneração do desbunde. A consagração do amor livre. Um belo tributo dionisíaco à dança. A glorificação do Corpo.



Portanto, viva o Carnaval... 

Viva o Bacanal!





27.2.25

Quarenta coisas

As Coisas mais importantes pra você fazer em 2025


01. Tome mais água, mais vinho e mais sol.
02. Escolha melhor os teus próximos amores. Prefira os livres.
03. Viva com mais Entusiasmo, com mais Energia, e com mais Coragem.
04. Arranje sempre algum tempo para planejar o teu futuro.
05. Faça atividades que estimulem o teu cérebro.
06. Leia mais livros do que você leu no ano passado.
07. Fique em silêncio alguns minutos todo dia. Pense. Reflita. Medite.
08. Procure dormir tranquilamente, para acordar de bom humor.
09. Faça exercícios físicos. Caminhe pelo menos 30 minutos por dia.
10. Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
11. Não compare a tua vida com a de ninguém. Cada um tem sua história.
12. Seja sempre um otimista racional.
13. Mantenha o controle absoluto dos teus estados de espírito.
14. Não se torne sério demais. Só os alegres vão pro Céu.
15. Só gaste tua preciosa energia com coisas importantes.
16. Sonhe mais. Sem sonho não se cria absolutamente nada.
17. Saiba que a inveja é um desesperado sinal de fracasso.
18. Jamais conclua apressadamente. Analise antes as premissas.
19. A vida é curta demais para ser tão pouca. Viva mais!
20. Faça as pazes com o teu passado para não estragar o teu presente.
21. Ninguém comanda a tua própria felicidade, a não ser você mesmo.
22. Tenha consciência de que você não vai viver mil anos.
23. Sorria mais. Encontre motivos para dar umas boas gargalhadas.
24. Não é preciso vencer todas as discussões. Aceite a discordância.
25. Entre mais em contato com teus amigos e com teus amores.
26. Nunca perca uma oportunidade de ajudar alguém.
27. Se não puder perdoar a todos, ao menos os compreenda.
28. Misture-se aos melhores.
29. Jogue fora tudo que não presta.
30. O que outros dizem a teu respeito nunca vai mudar a tua essência.
31. Não permita que um simples idiota comprometa o teu destino.
32. Faça sempre o que é correto, justo e verdadeiro.
33. Procure não trair jamais a tua própria natureza.
34. Deus cura todas as doenças — exceto o mau humor e a maldade.
35. Valorize a própria liberdade, acima de qualquer outra coisa.
36. Estude. Estude sempre. Estude o máximo possível.
37. O melhor ainda está por vir — em todos os sentidos.
38. Só o que está morto não muda.
39. Preencha o teu coração com alegria, esperança e gostosura.
40. Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.


TransCriação de Edson Marques sobre um texto de Jesus + partes do poema Mude.


Um arco-íris embaixo da Capela da Mãe.



O poema Mude - Lou Reed e WolfMother.


25.2.25

Café com ciência

Café com Ciência

Faço café religiosamente todo dia (*). E o advérbio é mais para ressaltar o critério do que a constância. Como se meditasse, eu abro a embalagem enluarada, madrugante, cheia de brilho e pó, fecho os olhos, sinto o cheiro, sorrio por dentro e por fora — e começo a sessão. A água já benta e quase fervendo (mas sem deixar que chegue a tanto), o canto dos passarinhos, o barulho do mar, as ondas da música de fundo, a forma dos sentidos — tudo — tudo contribui para que eu logo mais tome um café divino, poético e fundamental neste céu azul do meu amor.

Mas, ontem à noite, esperando a Lua na Feira da própria, eu tive uma vontade enorme de tomar Café com Fé.




(*) Exceto quando estou longe de casa.

 
Essa foto eu fiz em 2014, num sábado à tarde, no primeiro escritório da Calçadas do Brasil em SP.



A nova Lua, escandalosamente nova e nua, deitada aqui no madrugante chão azul deste meu quarto, crescente, me pede um copo d'água. Antes, dou-lhe uma frase que me ocorre agora: Quero colocar os meus anseios no teu peito, meu amor. Então levanto-me, abro a janela da Vida — e vejo que já é sexta-feira outra vez... Que delícia!