5.10.15

teoria do acaso

Estou escrevendo um livro cujo título é Teoria do Acaso. Porem, cada vez mais me convenço de que Deus tem um propósito especial para mim. E constrói em torno do meu espirito em repouso uma série dançante de acasos (des) conexos, como se tudo não passasse de uma expressão racional do próprio Destino. Por isso, eu acho que mudarei o título do livro — ou suspenderei por uns tempos a publicação. Tenho que pensar mais a respeito do assunto.

Sim, Deus tem um propósito para mim, assim como eu tenho um propósito para Ele. Acontece que não dá para salvar a alma sem antes salvar o corpo. E o que mais excita o ser humano livre é a possibilidade aberta de uma nova vida. Foi por isso que o meu bisavô deixou que a rebeldia lhe subisse à flor da pele. Num certo fim de ano ele tomou aquelas decisões que só os corajosos conseguem tomar: montou o cavalo negro do risco absoluto — e partiu! Pois ele também já sabia que o único crime que não tem perdão é desperdiçar a vida. Então, ele abandonou tudo para não ter que abandonar a própria existência naqueles caminhos já percorridos. Trocou um milhão de verdades antigas por uma pequena mochila de sonhos. Jogou fora o velho baú de premissas usadas, abraçou algumas dúvidas gostosas, quebrou as algemas — e caiu na Vida.

Não fosse por isso, eu não teria nem nascido — e não estaria aqui, agora, à beira do mar, tomando um belo copo de vinho vermelho e contando essas coisas pra você. Sou portanto bisneto da rebeldia. Sou bisneto da rebeldia, neto da emoção, filho da loucura, irmão do desejo, primo do prazer, amigo da liberdade, e amante de todos os meus amores. E existo, por incrível que pareça. No céu da minha boca não há fogos de artifício. Só estrelas!