27.1.15

Criz

Um pacotinho de biscoito Nestlé chocolate na mão esquerda, e na direita, dobradinha, uma nota de cinco. Corpo em desenho de Niemeyer, bronzeado, camiseta amarela, sandálias de tirinhas. Aparelho nos dentes. Morena, bonita. A menina do sorriso azul me olha por dois segundos e me encanta para sempre. Vira musa no ato. Meu coração salta do meu peito entusiasmado — e sai rolando pelo chão do Pão de Açúcar. Entro de novo na fila do caixa como se entrasse na Vida outra vez. Atiro-lhe um olhar, meus olhos viram fuzis. Beijo-lhe os dois pés, à distância, e vou subindo, subo cada vez mais, escalando-a como se ela fosse um Everest. Foram 1640 milímetros de gostosura interminável... E eu os toquei, um a um. Então sussurro por entre seus cabelos negros doces, perfumados: Como te chamas? Criz, com z — ela responde, como se fogo, sem sequer olhar pra trás. Deus acaba de escolher-me pra ser teu — eu lhe confesso. Ela diz que não acredita, mas me olha como se sim — e aceita minhas duas mãos estendidas. O tempo voa entre nós dois, e agora vou mentir que você tem dezoito, porque não quero de novo a polícia correndo atrás de mim. E foi assim, foi exatamente assim, meus amores, que ontem à tarde eu descobri que a Natureza pode às vezes ser perfeita. E que Deus continua generoso demais para mim...