2.2.14

andre e aspromessas

André era um menino de sete anos que eu conheci certa vez num sítio em Pedra Branca, SP. Ele tartamudeava e era extremamente tímido, talvez por isso mesmo. Filho único de um casal de caipiras, quase mudos, muito pobres. André queria falar. Quando lhe perguntávamos alguma coisa ele tentava responder, mas só saíam palavras trêmulas, ininteligíveis. O que ele sabia bem era reproduzir o som das galinhas, do porco, do cavalo e dos passarinhos. Ele imitava bem os animais e as aves. O jacu, o bem-te-vi, a sabiá... Então, olhando firme nos olhos dele — como se olhasse nos olhos do seu irmão — eu prometi, numa tarde quente de domingo em Pedra Branca, eu prometi que lhe daria um radinho. Para que pudesse ouvir vozes humanas e aprendesse também a reproduzi-las. Um rádio de pilhas, porque lá no ranchinho deles não tinha luz elétrica. Mas até hoje eu não voltei mais a Pedra Branca. Tenho que cumprir logo essa promessa. Porque Deus não esquece nunca das promessas que a gente faz.

E você, tem promessas em aberto — ainda não cumpridas?