28.1.13

doce chamado freud

Os acontecimentos só são mensuráveis no seu próprio tempo. Nem antes, nem depois. Minha mãe faz um doce chamado Freud. Leva Maizena, clara de ovos novos, banana caturra, calda de açúcar fino — e traz alegria e lembranças. Uma delícia. Amo-a, tanto, que às vezes fico bêbado de mãe. De tanto que a tomo nos braços em arco que me embriago dela por mim. E sempre me acordo no interior, mesmo quando viajo para fora. Mas há dias em que me acordo duplamente no interior — como hoje. Estou na casa onde nasci e sinto cheiro de café. Um galo, índio, de cristas excitadas, canta dentro de mim, bem longe, como se cantasse na minha infância. Ouvi tanto esse galo cantar que já lhe sei o co-co-ri de cor...