20.8.12

Morador de lua

Ainda vou tornar-me um morador de lua. Toda noite, poeticamente, sem pressa alguma, varrerei a poeira das estrelas com um cintilante buquê de rosas vermelhas e depois dormirei sonhando no meio-fio de uma navalha louca. Abraçado a Baudelaire. E coberto com um lençolzinho de cetim azul-celeste que eu ganhei da minha Mãe...

Por falar em Baudelaire, eu às vezes me sinto um poético Beau de l´air. E vou à França, ver o próprio — e o traduzo, livremente:

E se alguma vez, nos degraus de um palácio, na relva verde de um campo florido ou na solidão do teu quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, às ondas, à estrela, aos pássaros, ao relógio, pergunte a tudo que flui, a tudo que geme, gira e rola, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte-lhes que horas são; e o vento, as ondas, a estrela, os pássaros, o relógio, hão de responder: É hora de embriagar-se... Para não seres apenas mais um escravo do Tempo, embriaga-te; embriaga-te sem tréguas. Com vinho, poesia, virtude, ou mulher — tanto faz!
Charles Baudelaire — em versão livre de Edson Marques.

Esta é a minha versão, exclusiva, em tradução de 2004, que fiz ao lado de um grande amor, tomando Baron d´Arignac. Por isso saiu assim, bonita. O original não é tanto, é meio triste. Veja aqui.