30.7.12

flores ingratas

As flores são mesmo ingratas, Leminski: a gente as colhe para que sejam eternas, mas então elas desistem no meio do caminho. Murcham, secam, e depois morrem, assim sem mais — nem menos — "como se entre nós nunca tivesse havido... Vênus". E morrem talvez por desespero — talvez até por amor não respondido — antes que a gente mesmo as abandone ao seu próprio perfume que se acaba. No pico. As flores — quando colhidas — são mesmo ingratas...

Por isso, jamais eu colho essas flores que encontro nos jardins da minha vida. Quando vejo algumas, lindas, ofereço-as aos meus amores, delicadamente, mas deixo-as onde estão: no próprio caule da plantinha inocente que lhes deu origem. E então eu fico assim — distribuindo flores, todo dia, o dia todo...