14.6.12

ciume mortal

Quando eu defendo a ideia de que o ciúme é o câncer do amor, tem gente que não concorda com tal posição, o que é compreensível. Afinal, cada um de nós tem seu próprio sistema de valores. Mas, vejam o caso dessa jovem que matou o marido, e o esquartejou. Motivo alegado: ele, o marido, estava amando (também) outra mulher. Por causa dessa ideia absurda e contraditória chamada "amor possessivo" — plantada nas cabecinhas inocentes das crianças, mas que, desgraçadamente, perdura para quase todo o sempre — uma pessoa abandona a vida luxuosa num duplo triplex de 500 metros quadrados e vai morar numa cela de prisão. Abandona o próprio filho. Comete um assassinato horroso. Tudo em nome do... amor!

Eu sempre digo e vou de novo repetir aqui: cuidado com as pessoas exageradamente ciumentas. Muito cuidado. O ciúme é apenas a pontinha de um gigantesco iceberg de conflitos interiores abomináveis, submerso no oceano da mediocridade. Todo ciumento é um criminoso em potencial. Apesar do sofrimento enorme que o ciúme causa — tanto ao infeliz que o sente, quanto à sua vítima — o ciumento geralmente não procura tratamento para tal distúrbio psicológico, pois isto significaria assumir que o ciúme é uma doença...

Como todo gesto autoritário irracional, o ciúme acaba interrompendo o fluxo do amor, estraçalha a poesia do romance, e suspende a vida por momentos infinitos. Restringe. Chega quase a sufocar. Numa relação que até nasceu maravilhosa e bem poderia continuar sendo de amor pleno e delicioso, o ciúme se instala como um bicho feio — que assassina a paixão de pouco em pouco e massacra a liberdade no final.

Eu não tenho nada contra o ciumento — desde que ele não queira colocar-me uma coleira. Em verdade, ao ciumento (além de compreensão) eu costumo dar apenas três coisas: distância, distância e distância. Mas, se você tiver cinco minutos livres, leia aqui o meu Conceito de Ciúme.

Se o ciumento, ao menos por um dia — por um único dia — pudesse experimentar a maravilhosa sensação da liberdade; se o ciumento ao menos por um dia se livrasse dessa praga que lhe mancha o coração, e deixasse livre o seu amor, ele veria o tempo enorme que já perdeu em sua vida, tentando inutilmente sufocar a própria Natureza... E nunca mais seria o mesmo!