24.3.12

origem fim

Mais ou menos como Sartre, sou fiel primeiro a duas coisas elementares: às minhas origens e à minha finalidade. Não as troco por nada, nem as traio nunca, posto que às minhas origens eu devo a minha história, e à finalidade, o meu prazer.

Quando leio Sartre, respeitando sua literatura e sua ética, e entendendo sua filosofia, eu me descubro existencialista. E concluo que não devemos abdicar da nossa liberdade, jamais. Quem abdica da sua liberdade, comete dupla traição: deixa de ser fiel ao seu destino — ao seu projeto de vida — e deixa também de ser fiel à própria origem. Quem despreza a Liberdade é um traidor. Mas "ser livre" não significa "obter sempre o que se quer", e sim "determinar-se a escolher". Segundo Sartre, o êxito das atitudes libertárias não importa nem um pouco à liberdade. Um prisioneiro não é livre para sair da sua prisão (ou da sua relação amorosa opressiva) quando bem lhe aprouver. Também não é livre para desejar sua própria libertação — pois as amarras sociais nele incorporadas o impedem — mas é livre para tentar escapar. Quem percebe esse detalhe, escapa.