21.1.12

eu amo todos os meus amores

Eu amo os meus amores.

Marina adora fazer amor à tarde, no crepúsculo cor de abóbora da praia de Pitangueiras. Rose prefere os elevadores vazios nas madrugadas silenciosas. Janaína, lençóis negros de cetim ao som de Jon Bon Jovi. Fabiane sempre fica nua quando descemos a Serra em noites de lua cheia. Daniela dança como ninguém. Luísa sempre chega de surpresa, com saias floridas e uma garrafa de vinho. Fátima tem o corpo mais perfeito que já vi em toda minha vida. Adriana conhece Paganini na ponta da língua e me conta histórias bonitas. Danielle sabe fazer pudim gelado e adora o risco de saltar profundo. Joyce Ann, inteligentíssima, tem a delicadeza de Vênus — e incentiva todos os meus amores.

Elaine é aquela cujo nome é outro e mora aqui mesmo no meu prédio. Vanessa é aquela maravilha de São José dos Campos. P tem o erotismo inocente dos treze anos; R, a experiência deliciosa dos anos que não passam. Alessandra parece ter nascido na ilha de Lesbos: adora fazer amor a três. Ana é sensual até debaixo dágua, e vive lendo Henry Miller. Andressa é a maior expressão de que a natureza pode ser perfeita, em todos os sentidos. Beatriz é a nova doce musa que agora já desponta, exuberante. Todas são lindas e amáveis — e nenhuma delas me suprime a liberdade. Tem ainda Juliana, a filha belíssima da costureira, e que me tira medidas demoradas. Tem a amiguinha da Juliana, que eu conheci ontem... E tem você, por todas as razões que nem preciso dizer. Ah, tem também Carol, aquela menina das meias brancas que a mamãe lava com sabonete Dove, e que estuda no colégio ali da esquina.

Agora você talvez entenda o porquê de eu não escolher uma só. Escolher uma delas — e desprezar todas as outras — seria uma ofensa. Sufocar vários corações em nome apenas da moral é lamentável. Seria um absurdo. Uma traição à Vida. Uma ofensa desnecessária ao Amor e à Liberdade. Além de ser uma ofensa, seria um desperdício imperdoável.