18.1.12

Eu analiso as relações

Eu não apenas vivo as minhas relações de amor: eu também as analiso. Eu me questiono sobre elas, a partir de dentro delas mesmas — entusiasmado com suas tramas e coivaras, com seus mistérios e caminhos. Com seus múltiplos encantos e extremas gostosuras.

Mas o que é uma relação de amor? No texto cujo link dei à esquerda eu defino mais esse conceito. Para mim, uma relação de amor pode até começar com sensualidade, mas vai além, muito além disso — embora sem perder jamais a sensualidade!

Eu te amo quando não preciso mais dizer te amo.
Eu te amo quando reconheço teu Direito de Fazer Escolhas.
Eu te amo quando respeito tua própria liberdade tanto quanto a minha.
Eu te amo quando compreendo tua vontade de às vezes ficar só.
Eu te amo quando não te sufoco com chiliques ou pressões.
Eu te amo quando ponho afeto entre as nossas distâncias.
Eu te amo quando aplaudo os teus desejos de voar.
Eu te amo quando me convenço de que o ciúme é o câncer do amor.
Eu te amo quando te ajudo a ser mais livre do que eras quando eu te conheci.
Eu te amo quando a recíproca a tudo isso também é verdadeira.



No meu livro Solidão a Mil eu estendo um pouco mais essas ideias. E falo das outras relações — não só as de amor.

Escrevo isso e fico pensando sobre as razões de eu ter dito "não só as de amor". Mas, será que eu mantenho relações que não são de amor? Se Deus é Amor, por que eu não seria? Quando dou um orgasmo de presente embalo-o sempre com amor. Quando beijo minha Mãe, sou Amor. Quando ofereço um copo de vinho a um amigo, o faço com amor. Quando peço meia dúzia de pãezinhos ali na padaria, olho a balconista com amor. Quando os porteiros me atendem eu os agradeço com amor. Quando uma criança me olha sorrindo na entrada do prédio, eu a abençoo com amor. Quando vejo o faxineiro executando suas tarefas eu o agradeço com amor. Quando encontro a gostosa do décimo andar na garagem eu respondo ao seu sorriso com amor. E olho para a bundinha dela com mais amor ainda. Duas ou três vezes... Quando vejo meus pezinhos de lírios florescendo, eu os agradeço com amor. Quando abro a torneira agradeço com amor a água com a qual farei o café. Quando me lembro de Joyce Ann e de todos os meus outros amores, eu agradeço à vida com amor. Quando escrevo essas coisas aqui eu agradeço meus neurônios com amor. Quando sei que você as está lendo, eu te abraço com amor. Quando sinto que amo demais eu agradeço a Deus por ter-me feito assim, um ser amante. Amante e livre. Livre e loucamente apaixonado pela Vida e pelo Amor. Por isso, vou agora levantar-me deste berço que me acolheu esta noite, amorosamente, e fazer um café — com amor.