23.5.11

distancia

Nas relações "de amor" — depois de um certo tempo — nenhuma pessoa jamais será perfeita se não lhe acrescentarmos, por sobre suas qualidades, uma coisa chamada distância. Nessas relações, excesso de presença é quase sempre sufocante.

Com o tempo, a possibilidade de encantar-se mutuamente morre. Falece. O cotidiano é o inimigo mortal do mistério, o assassino da gostosura. Em qualquer relacionamento, a proximidade em demasia e duradoura é desastrosa. O principal ingrediente desse doce deleite chamado Amor é a Brevidade. Sem ela, a chama se apaga. Você sabe...

Pensando bem, você deve separar-se de um grande amor enquanto ainda não tem razões para separar-se dele. Porque, mais tarde, quando você já tiver uma razão, nem lembranças gostosas restarão desse amor. Quando surge uma razão de separar-se de alguém — ainda que seja uma razãozinha só — a saudade se torna impossível. Não vale a pena correr esse risco. Portanto, salte profundo — de cabeça, no coração da Surpresa! Mas você, você tem medo. Você tem medo da Solidão... Você tem medo de ficar sem ninguém. Então, você continua agarrando esse amor como se fosse o último da tua vida. Você, pessimista, acha que não consegue mais arranjar outro igual — nem melhor. Esse, o teu grande erro. Teu maior erro.