11.12.10

meditações 1

Neste sábado acordei cedo, respirei ioga, meditei, refleti. Depois fui correr um pouco na Praça Buenos Aires. Tempo nublado em SP. Estou tomando um copo enorme de café preto e ouvindo um pardalzinho cantar ali na esquina. Daqui do sétimo andar não consigo vê-lo, mas sei que acordou tarde e está cantando pra mim. E agora penso em escrever hoje sobre três ou quatro assuntos.


1. Ser feliz é viver sem trair a própria natureza.

Aliás, viver sem sequer sentir vontade de trair a própria natureza. Aqui tem um pouco de Spinoza e muito de Gaiarsa, meu amigo mestre recentemente morto. Também tem muito de minha bisavó Vitalina e de minha Mãe. E, obviamente, tem muito de mim, da minha filosofia de vida. Da minha poética, da minha desgovernada, da minha escandalosa filosofia de vida.


2. Quem não ama sua própria mãe, não ama a sua origem.

E, por conseguinte, perdeu suas bases, perdeu suas referências primordiais. Perdeu seu principal elemento fundador das emoções. Deslocou-se, psicologicamente. É grave. Se for o teu caso – espero que não seja – não adianta dar um maravilhoso presente de natal à sua mãe. Não adianta forjar um acordo, não adianta mentir pra Deus. Recomendo terapia. Mas nem sempre a terapia resolve. E quando eu falo em terapia quero dizer psicoterapia. Remédios químicos tarja preta só mascaram as soluções...

Não adianta procurar sobre isso na internet ou nos livros de psicologia: é uma teoria arriscada, mas exclusivamente minha. Só tem no Manual da Separação.


3. O mundo é feito para atender padrões.

Portanto, é praticamente impossível instalar rampas de acesso em todos os prédios do mundo. Os cadeirantes, por algum tempo, terão de resignar-se a não ser totalmente atendidos em suas locomoções. Aliás, mantidas as proporções e a visão do problema, isso acontece também com os cegos, os surdos, os analfabetos, os manetas, os anões, os altos demais, os obesos, os anoréxicos, quem precisa de muletas ou bengalas, os deficientes mentais, e os poetas. Somos excepcionais. Logo, não nos encaixamos nos padrões do mundo. Nos padrões operacionais e de construção do mundo. A humanidade certamente encontrará soluções mais racionais do que rampas de acesso em todos os prédios e casas e casebres do mundo, ou avisos sonoros (audíveis até para os surdos) em todas as esquinas, ou pisos especiais em todas as calçadas do mundo, ou placas em Braille ou Libra, ou telefones públicos de várias alturas, ou assentos de vários tamanhos, e quantidade certa, em todos os metrôs, ônibus, trens e aviões, carroças e charretes de todos os países do mundo. Pistas de dança com rampas de acesso, regras e quadras especiais de vôlei ou basquete para obesos, ou anões; músicas audíveis para surdos, telas de notebook em Braille, televisores para cegos, etc. Assim como não dá para fazer regras especiais para os poetas e artistas. Creio – e desejo, sinceramente – que tais soluções sejam encontradas no futuro, o mais rápido possível. O poder da ciência não tem limites.


Voltarei a esses assuntos outro dia. Ou os colocarei no meu livro Teoria do Acaso, em fase de revisão.



4. Sabe por que os pardais sempre levantam mais tarde e podem cantar sem preocupações especiais? Porque não têm belas plumagens! Se as tivessem, os coitadinhos seriam caçados implacavelmente...







Nesta noite de sábado acabei vendo este vídeo e me lembrei de Paloma...
Paloma é um amor platônico...
Aristotélico, socrático.
Escandaloso!
Inesquecível.